Carros autônomos no Brasil: quando chegam e como funcionam?
Carros autônomos no Brasil: entenda como funcionam, previsões de chegada, regulamentação, benefícios e desafios dessa inovação.

Em um passado não muito distante, os carros autônomos no Brasil faziam parte apenas de filmes, animações, do imaginário das pessoas, e pareciam um sonho muito distante. Só que isso pode mudar muito em breve, com a aparição de alguns modelos desses veículos tão futuristas nas ruas do país.
Os testes para implementação deste tipo de veículo já estão acontecendo aqui no país, e é possível que em alguns anos os carros autônomos estejam circulando no Brasil. Para que você saiba mais sobre eles, como será seu funcionamento, previsões de chegada ao mercado e sobre a regulamentação em andamento, redigimos este artigo.
Vamos também mostrar os benefícios e desafios dessa tecnologia, os impactos positivos na mobilidade urbana, como segurança, inclusão, conectividade e os desafios e pontos de atenção com relação à chegada dos carros autônomos no Brasil.
O que são carros autônomos?
Os carros autônomos são veículos que têm a capacidade de operar sem a participação de um condutor. A navegação é feita através do uso de tecnologias avançadas, como sensores, radares, inteligência artificial, e claro, do uso de câmeras.
Os carros autônomos são projetados para percorrer distâncias e ir de um ponto a outro sem a intervenção humana, pois são capazes de tomar decisões de direcionamento baseados nos dados coletados e processados pelas suas tecnologias avançadas.
O funcionamento do carro autônomo se dá da seguinte forma, os seus sensores e câmeras capturam imagens e informações minuciosas sobre o ambiente ao redor do carro, como outros veículos, obstáculos, pedestres, e tráfego e demais detalhes das vias a percorrer.
A inteligência artificial faz a análise dos dados coletados e interpreta a situação para a tomada de decisões necessárias à condução. Já o GPS é utilizado para traçar as melhores rotas, de forma a garantir que o veículo consiga alcançar o destino final através dos melhores caminhos.
Cenário atual no Brasil: regulamentação e testes
Já há um projeto para a implementação de carros autônomos no Brasil, e além de questões como a legislação, há ainda a questão da infraestrutura, como mostraremos a seguir:
PL 1317/2023 e exigências legais
O Projeto de Lei 1317/2023 foi elaborado para incluir no Código de Trânsito Brasileiro as normas que regulamentarão a circulação dos carros autônomos. Em tramitação na Câmara dos Deputados, o objetivo do Projeto de Lei é definir responsabilidades em casos de acidentes e infrações.
Outra intenção do projeto é definir o papel do CONTRAN no processo de regulamentações e controle, além de discutir a obrigatoriedade de seguros contra acidentes, incluindo cobertura para terceiros, criação de um cadastro brasileiro que contabilize e descreva incidentes envolvendo os carros autônomos no Brasil, a capacitação necessária para condutores de veículos autônomos e a adaptação da infraestrutura viária.
Também está sendo definido quem poderá ser responsabilizado pelos acidentes de carros autônomos, se o fabricante do veículo, o representante legal da empresa, o proprietário ou o “condutor”. Também está sendo avaliado no PL as alterações necessárias na infraestrutura viária e treinamento específico para profissionais que vão exercer o controle da situação do veículo dentro e fora das vias.
Cidades com testes em andamento
Apesar dos entraves para circulação de carros autônomos no Brasil, os testes e projetos destes veículos em cidades brasileiras seguem a todo vapor. Em São Carlos, com a equipe do Laboratório de Robótica da USP, em Vitória com o IARA (Intelligent Autonomous Robotic Automobile), desenvolvido pelo Laboratório de Computação de Alto Desempenho (Lcad) da Ufes e em Recife, com o projeto do ônibus autônomo.
Quando chegam os carros autônomos ao mercado?
Ainda não há previsão definitiva para a chegada dos carros autônomos ao país, e tudo depende da solução dos entraves ainda existentes.
Níveis de automação esperados nos próximos anos
De acordo com a Sociedade de Engenheiros da Mobilidade, a SAE, atualmente existem seis níveis de automação de veículos, começando com o 0, com total controle do condutor. No nível 1 o veículo oferece um controle mínimo, como o de cruzeiro, adaptativo ou assistente de permanência na faixa.
Já com o nível 2 o controle é feito de forma simultânea em algumas funções, como, por exemplo, a direção e aceleração, mas o responsável por guiar o veículo ainda é o condutor. No nível 3 há o controle de todas as funções determinadas previamente, desde que o condutor se mantenha completamente atento e assuma o controle sempre que necessário.
Para veículos do nível 4 há operação autônoma do veículo em determinadas funções e condições, sem nenhuma intervenção humana. E por último, o nível 5 é aquele em que o carro autônomo funciona em todas as condições sem a intervenção do condutor.
Barreiras: infraestrutura, conectividade 5G e cultura de mobilidade
Além dos desafios legais, os carros autônomos no Brasil ainda sofrem com outras questões como a infraestrutura urbana, das vias e as regras para circulação nelas. Há também a necessidade de uma robusta cobertura 5G para o bom funcionamento dos veículos, que precisam desta tecnologia para uma operação segura.
E também a desconfiança que vem dos condutores e da população em geral com estes veículos. A grande maioria das pessoas ainda resiste à ideia de utilizar um carro sem motorista, e essa cultura precisa de tempo e de experiências positivas para ir se modificando.
Quais são os benefícios e impactos esperados?
Vamos conhecer os benefícios do uso de carros autônomos na Brasil e falar sobre os impactos inesperados que estes veículos podem causar no mercado:
Redução de acidentes e fluidez no trânsito
Como a operação do carro autônomo é totalmente feita de forma digital, as chances de erros humanos são drasticamente reduzidas, levando a um número menor de acidentes e resultando num fluxo de trânsito melhor.
Acessibilidade e mobilidade urbana inclusiva
O uso de carros autônomos pode impactar de forma muito positiva a vida de pessoas portadoras de deficiências e idosos que não conseguem conduzir carros comuns, aumentando a acessibilidade, e principalmente, promovendo a inclusão de novos personagens na mobilidade urbana.
V2X e conectividade entre veículos e infraestrutura
O V2X é uma tecnologia que permite a comunicação em tempo real entre veículos autônomos, com a infraestrutura rodoviária, com pedestres e ciclistas, com a eficiência do tráfego e também permite que as informações permaneçam em nuvem e sejam acessadas em tempo real com todas as atualizações.
Desafios e riscos a considerar
Como em todas as situações, há fatores que devem ser considerados com a implementação dos carros autônomos no país. Vamos conhecer alguns deles:
Cibersegurança e responsabilidade em acidentes
A legislação deve se atentar para a responsabilidade civil e criminal em caso de acidentes com carros autônomos, para que, em caso de acidentes e colisões, a justiça possa ser feita e os prejudicados tenham seus direitos assegurados.
Outro ponto de atenção é com relação à segurança de dados, para proteção de sistemas, sensores e contra a manipulação externa. Essa medida garante a segurança do veículo, dos outros condutores, dos passageiros do carro autônomo e protege a privacidade, tudo de acordo com as normas da ISO/SAE 21434, que regulamenta os requisitos de engenharia da cibersegurança em veículos rodoviários.
Falhas tecnológicas e clima adverso
Os carros autônomos no Brasil podem sofrer com falhas tecnológicas, que podem vir de erros de softwares, e serem agravadas por condições climáticas locais que afetam sensores, como chuvas fortes, neblina e alagamentos. Isso pode impedir o bom funcionamento do veículo e sua operação segura, aumentando o risco de acidentes.
Questões sociais e desigualdade de acesso
Quando os carros autônomos chegarem ao mercado, seu valor de venda provavelmente será acima da média da maior parte dos veículos, o que acaba por limitar o acesso a este tipo de veículo, permitindo que apenas uma pequena parte da população possa fazer uso dele.